Assim nos recebe o Rajastão: Forte de Amber


Ao longe começa a desenhar-se o forte, no seu ocre prolongado por colinas e vales. Até lá chegarmos serpenteamos caminho, com os olhos postos do lado de fora do riquexó vamos acompanhando o lago Maotha e as suas muralhas, ou parte delas, quando a sua dimensão nos lembra que os olhos são pequenos para guardarem a majestosa obra.

Estamos no Forte de Amber, Património Mundial da UNESCO desde 2013 e uma das principais atracções de Jaipur. A construção data do final do séc. XVI, conciliando, de forma harmoniosa, as culturas muçulmana e hindu.

As muralhas – que recortam o horizonte; os palácios – que lembram que mesmo a mais dura matéria prima pode originar a mais delicada construção; as portas, os pátios e templos, o Sheesh Mahal e os milhares de espelhos incrustados nas suas paredes e tectos [dizem que basta uma pequena vela acesa no centro para todo o salão se iluminar]; os jardins; as construções em alabastro, os vidros florais. A cada passo dado andamos para trás no tempo.

A Mia atira o seu balão rosa às bolinhas brancas ao céu, pelos vários pátios: do Jaleb Chowk ao Diwan-i-Aam. Corre por entre as suas muitas passagens abertas em arcos, espreita por todas as janelas, tenta abrir todas as portas e aponta para todas as coisas e nós, se nos deixássemos levar pelo encantamento de quem vê tudo isto pela primeira vez, também tentaríamos abrir cada uma das portas, na vontade de, ainda que numa janela de tempo curta, recuar até ao momento em que aqueles pátios e salões estavam cheio daqueles a quem pertenciam, no lugar dos visitantes que hoje os enchem.

Daqui vamos levar-vos até Jaipur. Encontrámo-nos por lá.

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Pelo caminho encontramos elefantes, a fazerem exactamente aquilo para que não nasceram: carregam humanos no seu dorso, enquanto os seus ‘cuidadores’ os açoitam, sempre que o ritmo abranda. Da mesma forma que não andamos de elefante na Tailândia, também não o fizemos na Índia, ou em qualquer parte do mundo e continua a custar-nos aceitar como é que se faz da tortura e domesticação destes animais uma atracção turística de massas.

 



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