Aqui fica a nossa passagem pelo Grande Tarde, só agora conseguimos ter-lhe acesso e partilhamos, como pediram.
Falou-se de sonhos: deste que sempre nos correu nas veias. E quase repetimos a conversa que mudou o rumo das nossas vidas:
Eu: E se fossemos?
Ele: Se fossemos como?
Eu: Íamos, deixávamos tudo e íamos.
Ele: E o teu trabalho?
Eu: E os nossos sonhos?
Ele: E dinheiro?
Eu: Vendemos todas as coisas: vendemos o carro, e tudo o que não precisamos, deixamos algum de lado para o regresso, o resto logo se vê.
Não, não somos ricos, a não ser na capacidade de sonhar e de achar que podemos tocar os sonhos, abraçá-los, trincá-los. E, ao contrário do esperado, o nascimento da nossa menina-mundo não adormeceu nem acalmou – em nós – esta vontade de devorar o mundo, não nos fechou no comum: ‘agora somos pais, agora não podemos; já não podemos (confesso nunca ter acreditado no impossível). Julgo que sermos pais a acelerou ainda mais, que a fez pular e querer ganhar vida para lá do desejo guardado; nos fez sentir ainda mais capazes de tudo, por sentirmos (mais do que nunca) que tínhamos tudo, ou melhor, somos tudo e, por isso, nos podemos desapegar das coisas.
As melhores e mais felizes decisões da nossa vida têm resultado de conversas (aparentemente) simples, baseadas no instinto e no ouvir do coração – mesmo que ele fale a medo (das vozes dos medos repetidos dos outros). De imediato, imprimimos o mapa mundo, escolhemos os lugares que gostaríamos de visitar. Seguiu-se o primeiro lugar onde queríamos que a nossa menina mundo deixasse a primeira pegada.
Faltam 3 dias e Paris será a ponte entre o (nosso) Porto e Pequim.