[O que seria dos desertos se quiséssemos sempre preenchê-los?]
Sempre que penso em deserto penso em vazio. Nada. Há sempre muito pouco no que nos é desconhecido. Nada: pouco mais de nada; muito: de imaginado, de inventado, de deduzido. [Com as pessoas também é assim].
Nós entramos no nosso primeiro deserto, foi ganesh que nos levou até lá, não o deus, o camelo. É um deserto pequeno, mas percebemos que quando resolvemos entrar, quando nos abrimos em coração e nos cinco sentidos, vamos enchendo o vazio de música, de histórias, de famílias e rostos, de dunas que se estendem e se repetem aqui e lá à frente, passamos a conhecer-lhes a vida, as lutas. [Com as pessoas também é assim].
Foi o nosso primeiro pôr-do-sol, neste pequeno deserto do rajastão que, três meses antes, durante a lua cheia de novembro, se encheu de mais de trezentos mil visitantes, entre peregrinos e turistas, indianos e estrangeiros, para viverem a feira de camelos, que se estende por uma quinzena de dias.
Nós somos dos dias calmos e foi num destes que engolimos o deserto e os seus. São os bigodes, os turbantes, as fogueiras, as tendas, os gestos simples da comida que se aquece entre o quente da lavareda que escapa aos ventos.
E as crianças que correm atrás dos camelos, na curiosidade de saber quem lhes visita a terra areada e o que poderão partilhar com eles, que nos abrem o caminho, que nos oferecem os sons dos seus Ravanahathas (antigos instrumentos de corda, ancestrais dos violinos), enquanto os olhos guardam o sol, até ser noite.
E é no tempo de todas estas coisas que nos perdemos no tempo, que nos encontramos em nós.
Já sentia saudades de notícias vossas.
Espero que esteja tudo bem com os três.
Abreijos!
Obrigada, querido Avelino. Também já tínhamos saudades das suas palavras. Um beijinho nosso.
Gostei bastante do artigo, muito bom mesmo! Estou amando ler seus artigos e compartilhar com os amigos!
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